[Ubuntu-BR] [OFF-TOPIC] Você é Hands On?

Fábio Lima fhl em superig.com.br
Sexta Maio 28 14:34:41 UTC 2010


Muito massa!


Em 28 de maio de 2010 10:34, Darlan Dapper <darlan.dapper em gmail.com> escreveu:
> Amigos texto, muito bom!
>
> *Você é Hands On?*
>
>
>
> Vi um anúncio de emprego. A vaga era de Gestor de Atendimento Interno, nome
> que agora se dá à Seção de Serviços Gerais. E a empresa exigia que os
> interessados possuíssem - sem contar a formação superior - liderança,
> criatividade, energia, ambição, conhecimentos de informática, fluência em
> inglês e não bastasse tudo isso, ainda fossem HANDS ON. Para o felizardo que
> conseguisse convencer o entrevistador de que possuía essa variada gama de
> habilidades, o salário era um assombro: 800 reais. Ou seja, um pitico.
>
> Não que esse fosse algum exemplo fora da realidade. Ao contrário, é quase o
> paradigma dos anúncios de emprego. A abundância de candidatos permite que as
> empresas levantem cada vez mais a altura da barra que o postulante terá de
> saltar para ser admitido.
>
> E muitos, de fato, saltam. E se empolgam. E aí vêm as agruras da
> super-qualificação, que é uma espécie do lado avesso do efeito pitico...
>
>
>
> Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros candidatos tão bem
> preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora de
> atendimento interno.. E um de seus primeiros clientes fosse o seu Borges,
> Gerente da Contabilidade.
>
>
>
> Seu Borges:
>
> -- Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
>
> Fabiana:
>
> -- In a hurry!
>
> Seu Borges:
>
> -- Saúde.
>
> Fabiana:
>
> -- Não, Seu Borges, isso quer dizer "bem rapidinho". É que eu tenho fluência
> em inglês. Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência
> em inglês se aqui só se fala português?
>
> Seu Borges:
>
> -- E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
>
> Fabiana:
>
> -- O senhor não prefere que eu digitalize o relatório? Porque eu tenho
> profundos conhecimentos de informática.
>
> Seu Borges:
>
> -- Não, não.. Cópias normais mesmo.
>
> Fabiana:
>
> -- Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já
> comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que
> tiramos.
>
> Seu Borges:
>
> -- Fabiana, desse jeito não vai dar!
>
> Fabiana:
>
> -- E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
>
> Seu Borges:
>
> -- Como assim?
>
> Fabiana:
>
> -- É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso um
> desperdício do meu potencial energético.
>
> Seu Borges:
>
> -- Olha, neste momento, eu só preciso das três cópias.
>
> Fabiana:
>
> -- Com certeza. Mas antes vamos discutir meu futuro...
>
> Seu Borges:
>
> -- Futuro? Que futuro?
>
> Fabiana:
>
> -- É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não
> aconteceu nada.
>
> Seu Borges:
>
> -- Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e também não me aconteceu nada!
>
> Fabiana:
>
> -- Sei. Mas o senhor é hands on?
>
> Seu Borges:
>
> -- Hã?
>
> Fabiana:
>
> -- Hands on....Mão na massa.
>
> Seu Borges:
>
> -- Claro que sou!
>
> Fabiana:
>
> -- Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que eu vou sair
> por aí explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando eu
> fui contratada.
>
>
>
> Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:
>
> 1 - Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não têm
> as qualificações requeridas.
>
> 2 - E o outro grupo, pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidos
> porque possuem todas as competências exigidas nos anúncios, mas não poderão
> usar nem metade delas, porque, no fundo, a função não precisava delas.
>
> Alguém ponderará - com justa razão - que a empresa está de olho no longo
> prazo: sendo portador de tantos talentos, o funcionário poderá ir sendo
> preparado para assumir responsabilidades cada vez maiores.
>
> Em uma empresa em que trabalhei, nós caímos nessa armadilha. Admitimos um
> montão de gente super-qualificada. E as conversas ficaram de tão alto nível
> que um visitante desavisado confundiria nossa salinha do café com a Fundação
> Alfred Nobel.
>
> Pessoas super-qualificadas não resolvem simples problemas!
>
> Um dia um grupo de marketing e finanças foi visitar uma de nossas fábricas e
> no meio da estrada, a van da empresa pifou. Como isso foi antes do
>
> advento do milagre do celular, o jeito era confiar no especialista, o Cleto,
> motorista da van. E aí todos descobriram que o Cleto falava inglês, tinha
> informática e energia e criatividade e estava fazendo pós-graduação.. ... só
> que não sabia nem abrir o capô. Duas horas depois, quando o pessoal ainda
> estava tentando destrinchar o manual do proprietário, passou um sujeito de
> bicicleta. Para horror de todos, ele falava "nóis vai" e coisas do gênero.
> Mas, em 2 minutos, para espanto geral, botou a van para funcionar. Deram-lhe
> uns trocados, e ele foi embora feliz da vida.
>
> Aquele ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem as Empresas
> modernas torcem o nariz: O QUE É CAPAZ DE RESOLVER, MAS NÃO DE IMPRESSIONAR.
>
> Por Max Gehringer.
>
> Colunista da Revista EXAME e apresentador do Fantástico.
>
>
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> Darlan Dapper
>><))))°>
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