[Ubuntu-PT 10508] Re: DRM no firefox
Orenzio Santi
orenzio.santi antonioarroio.pt
Domingo, 18 de Maio de 2014 - 13:27:49 UTC
Bom dia
Não estou habilitado para fazer julgamentos técnicos nesta discussão mas
gostaria de referir-me a alguns pontos que são transversais ao software
livre a a muitas outras coisas que se passam na nossa vida. E com isto
gostaria de dar a minha opinião sobre dois pontos que acho fundamentais: a
noção de liberdade e a noção de utopia.
Muitas pessoas afirmam que a liberdade é utópica e que a noção de utopia
tem uma importância menor por não se adequar à realidade.
A utopia é um bem precioso, do qual nunca nos devíamos separar e viva os
utópicos que nos vão polvilhando e desarranjando o espírito com ideias que
nos tiram do nosso adormecimento. Numa sociedade global estamos cada vez
mais padronizados e desprovidos de alternativas de mudança. O consumo, os
poderes políticos, a economia esquecem-se que o ser humano já leva vários
milhares de anos de existência com outras formas de organização social que
não a nossa (a presente) com outros sistemas de troca...etc...etc...Aliás,
esquecem-se ou convém que que haja esquecimento, que se apague a memória:
troca-se algumas décadas da existência humana, por todo o resto da história
e aceita-se a nossa realidade como a única possível.
A utopia vale por si, como catalisador de soluções e não depende da
coerência de um ou outro grupo ou individuo. Quero com isto dizer que é
importante manter as utopias independentemente do seu desfecho como
realidade, da sua posta em prática. Ao longo da história, a liberdade
valeu-se das suas utopias para ser mais forte e aparecer nas suas múltiplas
vertentes. Foi com essas utopias que emergiram os direitos (e os deveres
também) de todos nós.
No caso do software livre, dos bens comuns e das economias colaborativas,
rejeitar a utopia da liberdade (com conveniências e cedências) é sem duvida
deixar de ter acesso (mesmo que mental) a essa liberdade.
Opiniões mais economicistas justificam a perca dessa liberdade e o abandono
da utopia com argumentos falaciosos: "sacrifica-se a liberdade de todos
para os trabalhadores não irem para o desemprego" é um argumento que está
na moda. Pessoalmente acho que a sociedade e o poder poderiam fazer muito
mais para atenuar o desemprego e promover a sustentabilidade de muitas
actividades económicas debruçando-se seriamente, no que já foi feito e o
que há que por fazer. O software livre e a partilha de conhecimento à
procura de um mundo mais justo e mais livre são disso um bom exemplo. Se
não o fazem e porque não lhes convém.
No dia 17 de Maio de 2014 às 14:59, Rui Oliveira <racoqster gmail.com>escreveu:
> 2014-05-17 12:22 GMT+01:00 Diogo Constantino <diogoconstantino sapo.pt>:
>
> >
> >
> > Software Livre, é a respeito de liberdade. Ou seja é ideologia. É a
> > liberdade aquilo que na comunidade de Software Livre, prezamos a cima de
> > tudo.
>
>
>
>
> Ou seja, Software livre é respeito pela liberdade, no entanto estás a dizer
> que um utilizador mesmo que queira conscientemente instalar suporte para
> ver conteudo DRM (que a mozilla vai tornar bem claro que o módulo DRM vai
> ser activo), não o pode fazer. Desculpa lá, mas onde está a liberdade do
> utilizador nisso para decidir o que quer? Ninguém deve se colocar como o
> guardião de alguém e decidir perante o que o utilizador no final quer, isso
> é absolutamente ridículo! É o problema do pessoal purista do software
> livre, é demasiado ideologista e não vê o mundo real. Lembra.me um pouco
> sem querer fazer qualquer crítica a quem é militante, a alguns puristas do
> regime comunista que embora tivesse ideias muito interessantes, na prática
> são utópicas e valem zero!
>
> Se a Mozilla deixar de ter utilizadores, vai deixar de ser relevante.
> Deixando de ser relevante deixar de reunir apoios de outras empresas como
> por exemplo a Google. E depois, és tu e os outros que vão pagar os
> ordenados a quem trabalha na mozilla para defender a liberdade? Bem, me
> parece que não!
>
> Por vezes é preciso recuar e dar um passo de modo a ceder ao que as pessoas
> quererem e decidem. E isso não implica deixar de defender a liberdade.
> Implica sim podererem ver os conteúdos de DRM, e aparecer uma caixa a
> dizer, "atenção isto vai-lhe permitir ver conteudo DRM que atenta contra a
> sua liberdade e tal... saiba mais neste link". Isto é muito mais pedagógico
> e uma forma mais inteligente de ensinar o utilizador dos perigos do DRM.
> Caso contrário o utilizador não se vai dar ao trabalho de por ele procurar
> o que é o DRM. Mas se for informado dessa forma... já pensa duas vezes
>
> Eu vou ter sempre o módulo DRM desligado, quem quiser que faça o mesmo.
> Além do mais quem não estiver interessado vão surgir builds do firefox sem
> esse módulo (a licença do firefox permite esse tipo de builds). Por isso,
> se não estás satisfeito sugiro-te que uses essas builds. Olha aqui o
> exemplo de uma
>
> https://www.gnu.org/software/gnuzilla/
> --
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