[Ubuntu-BR] Flame War proposital, leia se quiser (ERA: Foco no Nautilus quando em quickstart do openoffice)

Renato machnievscz em gmail.com
Sábado Setembro 23 16:15:04 UTC 2006


Paulino, você tocou no ponto! Só uma ressalva, o usuário windows quer
exatamente o que você está fazendo, tipo estória em quadrinhos. Não os
condeno por isto, apenas cito por ser uma visão diametralmente oposta
aos que usam linux defendem.

Por este motivo creio que estas tuas duas mesnagens devem ser lidas,
com muita vontade e que sirvam para criar uma nova consciência nas
listas que freqüentamos.

Parabéns pelos dois textos!

Renato.

P.S: Paulino, eu também ensino, e começo a me render a multimídia, mas
com muito medo, ainda. Para termos uma sociedade melhor precisamos de
pessoas com consciência crítica, formada com muita leitura, muita
informação, não apenas vídeos e animações em flash.

Em 23/09/06, Paulino Michelazzo<listas em michelazzo.com.br> escreveu:
> >
> > Já fui mutas vezes enxovalhado em listas, não tive minhas perguntas
> > respondidas, etc. Mas uma coisa importante que vocês tocaram no
> > assunto é: o usuário que está saindo do windows e vindo para o Linux.
> > Este usuário não gosta de ler manuais, tutoriais, etc. Ele quer a
> > resposta pronta. E aí é que está o problema todo: quem aprendeu lendo,
> > mexendo, quer que o inicinate faça o mesmo! Pode ir tirando o cavalo
> > da chuva. Tenho experiência de amigos, aos quais apresentei o Linux, e
> > que não foram para frente por este motivo: eles não gostam de
> > aprender. Querem apenas usar.
>
>
> Renato,
>
> Tenho que discordar de você devido aos meus pelo menos 10 anos trabalhando
> com treinamento de usuários de todas as plataformas.
>
> Na verdade padecemos por dois problemas crônicos onde um se reflete no outro
> de uma forma muito intensa. A comunidade Linux, com raras excessões, é ruim
> demais para fazer um how-to, um tutorial ou até mesmo para escrever um
> e-mail, sendo muitas vezes vergonhoso as "pérolas" que escrevem. Isso
> acontece em nosso país por um motivo histórico. Carregamos conosco uma
> herança maldita desde nossos colonizadores no tocante a educação e mesmo com
> o teatro da abolição da escravatura, continuamos a usar correntes em nossos
> pés. Claro que isso é reflexo de outra área social mas não vem ao caso neste
> momento.
>
> Junto com o ingrediente da falta de educação, tem-se um outro muio grande:
> falta de competitividade. Ao contrário do mundo "fechado", o mundo aberto
> não precisou concorrer com ninguém. Isso resultou que fazemos ótimos
> sóftwares mas voltados a quem sabe usar e não a quem não sabe (o usuário
> final). Diante disso, treinamentos e documentação de alta qualidade foi
> deixada de lado pois "todos" sabiam ler um how-to com 120 comandos para a
> compilação do kernel, por exemplo.
>
> Diversas teorias muito bem embasadas contam que os seres vivos se adaptam
> aos meios. Plantas se tornam aquáticas por necessidade, animais mudam sua
> dieta por falta de alimento, seres humanos aprendem novos idiomas por
> estarem em outros países. A teoria é bonita e pode ser aplicada aqui, mas
> existe um problema. Leva-se anos, décadas para que um determinado ser vivo
> se adapte ao meio (quando se adapta) e, infelizmente, não temos estas
> décadas dentro de nossa sociedade.
>
> Usuários "windows" estão acostumados a não pensar? Não é verdade. Eles estão
> acostumados com as facilidades, mesmo que maquiadas e efêmeras, de um
> sistema operacional homonêgeo e que integra dezenas de coisas dentro dele
> acessados por leves toques. Além disso, aplicativos criados para esta
> plataforma tendem a seguir os mesmos conceitos e também os níveis de
> facilidade (reforço, maquiados) do sistema operacional.
>
> No tocante ao conteúdo de documentação, quando falamos na plataforma
> Windows, eles simplesmente dão uma surra de tacape no mundo livre. Por quê?
> Pelo simples fato que a competição do outro lado ser acirrada e assim,
> aquele que consegue abocanhar determinada fatia do mercado o faz
> principalmente porque seu suporte e documentação auxilia realmente para que
> o usuário aprenda sem ter muita necessidade de "convocar" a empresa
> fornecedora ou ainda a recorrer ao vizinho ou ao sobrinho.
>
> Vou lhe citar um exemplo simples disso: gosto de música em um nível mais
> alto que a maioria das pessoas. Trabalhei em emissora de rádio como técnico
> de gravação e em casas noturnas da região de Campinas/SP por longos cinco
> anos. Todos aqueles aparelhos cheio de botões existentes eu os conheço de
> trás para frente (incluindo ai os DSP's Alesis ou Yamaha). Aproximadamente
> em 97 descobri um aplicativo chamado SoundForge que, até hoje em minha
> humilde opinião, é um dos melhores editores de áudio já lançados. Lindo,
> maravilhoso, cheio de efeitos e outras coisas. E ele tinha uma vantagem:
> mesmo sendo aterrorizantemente complexo, contava com uns tutoriais
> multimídia que qualquer ser unicelular seria capaz de usá-lo (prova viva sou
> eu).
>
> Quando de minha "migração" para Linux, conheci o Audacity. Um aplicativo
> similar no conceito e funcionalidades mas anos-luz de distância no quesito
> documentação. Resultado? Até hoje procuro efeitos simplórios dentro dele e
> não os acho, mesmo sabendo que existem.
>
> Agora, a pergunta de um milhão: Sou eu um vagabudo que quero tudo a mão? Não
> mesmo, longe disso. Eu fuço e muito. Apelo, peço ajuda, converso. Mas não
> encontro; simplesmente não encontro o que me satisfaça. Eu sou exigente?
> Também. Mas a patota do Audacity é da turma do "quem vai usar é nerd". Aí
> meu caro, eu não sou nerd, sou um apreciador de música e um cara que adora
> brincar com pistas de áudio. Será mesmo que preciso ser nerd para usar um
> aplicativo destes?
>
> Outro deles eu mesmo forneci há alguns dias aqui na lista (a questão da
> conversão de formato de vídeo). Um dos colegas me deu uma linha de comando
> do fffmpeg que funcionou redondo mas... e se eu não sei abrir um console? E
> se eu quero mudar as propriedades?
>
> Vivo isso dentro da comunidade Mambo brasileira donde sou mantenedor.
> Enquanto o software não foi totalmente passado para português, seus
> downloads não chegavam a 100 por semana. A versão em PT-BR está com duas
> semanas no ar com quase 1500 downloads! Da mesma forma, fiz um teste no
> tocante a documentação. Criei um wiki onde toda a documentação está sendo
> colocada à disposição. Entretanto, percebi que pouco era usada,
> principalmente aquela que era somente texto. Criei alguns tutoriais com
> imagens (screenshots) dos procedimentos e percebi que aumentou em muito o
> uso, mas com um detalhe: o tempo de acesso à documentação não era o
> esperado.
>
> Isso resultou na seguinte conclusão: o usuário não lê; ele vê a
> documentação, ou seja, segue os passos mediante as telas apresentadas. Esta
> conclusão é fácil de ser tirada mediante ao tempo de visitação em uma página
> e uma leitura nela. Se o tempo é menor, está sendo usada desta forma.
>
> Para corroborar minha tese, criei com uma ferramenta da Adobe um tutorial
> multimídia para a execução de um determinado procedimento. Espanto! A página
> contou com mais de 600% de acessos e recebi 10x mais e-mails de
> agradecimento sobre o "filminho".
>
> Com isso, o que concluí (e também para concluir minha linha de pensamento):
> pecamos na hora de documentar. Escrevemos "wikipédias" de textos e não
> colocamos uma mísera figura. Fazemos milhares de how-tos cujo o público alvo
> são nossos pares e não aqueles que não sabem. Com isso, perdemos força pois
> quem fica não é aquele que sabe um pouco mais, mas sim aquele que tem mais
> "saco" para ler.
>
> (Quantos aqui tiveram saco para ler este e-mail?)
>
> Pense à respeito
> Abraços
>
> Paulino
>
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