[Ubuntu-PT 11004] Re: Europa livre de patentes de software
Carlos Alberto Ramos
sacgois gmail.com
Sábado, 22 de Fevereiro de 2020 - 18:31:54 UTC
Não será altura de incluir a sustentabilidade do desenvolvimento, na
sustentabilidade do Planeta?
Carlos Ramos
Georgy Zhukov <zhukov gawab.com> escreveu no dia terça, 8/03/2011 à(s)
18:32:
> Pois, o problema é que as empresas grandes gostam de patentes.
>
> E as empresas grandes têm amigos na política...
>
> 2011/3/8 <diogoconstantino sapo.pt>
>
> > Faltou ainda dizeres que ter em conta as leis de patentes, faz com que o
> > desenvolvimento de software não seja sustentável, ou mesmo praticável...
> >
> > Em primeiro lugar implica ter que se contratar uma equipa de advogados e
> > outros especialistas técnicos para se fazer uma pré-análise, de quais
> > as patentes que poderão afectar o software em causa. E isto custa muito
> > dinheiro, e exclui logo à partida free-lancers e a maior parte das
> pequenas
> > e médias empresas.
> >
> > Em segundo lugar tens que conseguir licenciar, patentes. Isto custa
> > dinheiro e podes nem conseguir apenas porque o detentor das patentes está
> > com dor de dentes e por isso está mal disposto. Ou então têm algum
> conflito
> > legal e/ou comercial. Ou simplesmente não querem mais competição no
> mercado.
> >
> > Em terceiro lugar, se não conseguires licenciar patentes tens que
> > desenvolver métodos alternativos... O que pode não ser possível, porque a
> > linguagem utilizada
> > nas patentes é intencionalmente vaga para que sejam o mais abrangentes
> > possível. É altamente improvável que se tenha também dinheiro e tempo
> para a
> > investigação e desenvolvimento necessário para criar métodos
> alternativos e
> > quando o fizerem volta-se ao princípio, pois é preciso confirmar que
> esses
> > métodos não estão já patenteados, ou que não precisas de licenciar outras
> > patentes para poderes utilizar estes métodos, ou seja, é preciso mais
> tempo
> > e mais dinheiro.
> >
> > Em quarto lugar à medida, em que o software é desenvolvido. Tem que se ir
> > avaliando a necessidade de licenciamento de outras patentes isso tem que
> ser
> > pago. Se forem preciso novas patentes os problemas anteriores voltam
> todos a
> > colocar-se. Se escolherem verificar apenas no fim do desenvolvimento o
> > impacto de uma pantente aumenta, pois pode implicar ainda mais mudanças
> e a
> > repetição de todos os problemas anteriores. Quer num caso, quer no outro
> > encontrar problemas significa ter que gastar mais tempo e mais dinheiro.
> >
> > Conclusões:
> > * o desenvolvimento de software fica cada vez menos a ser uma questão de
> > engenharia e cada vez mais uma questão de direito. Isto faz com que o
> foco e
> > o esforço se afaste de qualidade;
> >
> > * o desenvolvimento de software fica proibitivamente caro para quase
> todas
> > as empresas. E a maior parte das empresas que desenvolvem software, nem
> são
> > software houses, nem sequer empresas de informática, mas sim empresas que
> > têm outros negócios e desenvolve/encomendam software à sua medida para as
> > especificidades do seu negócio. Os custos e tempo de desenvolvimento de
> > software vão fazer com que não só o software desenvolvido por empresas de
> > informática seja muito mais raro e mais caro, como também o software
> > desenvolvido pelas outras empresas seja mais raro, mais caro, o que
> implica
> > também uma diminuição da operacionalidade dessas empresas e uma
> diminuição
> > da inovação de modelos operacionais e de negócio dessas empresas;
> >
> > * o software ficaria muito mais caro e quem pagará isso vão ser os
> > consumidores;
> >
> > * o risco do financiamento do desenvolvimento de software aumentará o que
> > faz com que houvesse menos investidores e por isso menos software;
> >
> > * haveria menos competição e por isso os preços aumentariam e a
> qualidade
> > diminuiria;
> >
> >
> >
> > Se colocarmos isto tudo numa balança, vamos ver que vantagem do incentivo
> > económico a quem detém a patente é muitíssimo ultrapassada pelas
> > desvantagens. Para além de haverem outras formas de fazer dinheiro com
> uma
> > invenção, como vender produtos e/ou serviços que a utilizem.
> >
> >
> >
> > Citando João Miguel Neves <joao.neves intraneia.com>:
> >
> >
> > On 05-03-2011 19:21, André Pereira wrote:
> >>
> >>> Lamento discordar da sua opinião, no entanto...
> >>>
> >>> Se alguém inventou algo e esse alguém tem interesse em utilizar esse
> algo
> >>> em seu beneficio ou em beneficio de alguém, qual é o problema de ter de
> >>> pagar a quem teve a ideia?
> >>>
> >> A teoria é bonita, não é? Na prática a situação é completamente
> diferente:
> >>
> >> 1) O detentor da patente não precisa de ser o inventor (raramente é).
> >>
> >> 2) Patentes rídiculas, como a patente de desenhar "linhas gordas" (aka
> >> rectângulos) num ecrã da IBM.
> >>
> >> 3) Portfolios de patentes: empresas que têm milhares de patentes e que
> te
> >> acusam de usar uma das patentes deles. Só defenderes-te contra essa
> situação
> >> investindo uma fortuna em análise de patentes.
> >>
> >> 4) Construção de software é incremental. O mais pequeno dos programas
> tem
> >> milhares de conceitos lá metidos.
> >>
> >> 5) Licenciamento das patentes é opcional. Se precisares de uma licença
> de
> >> patente (por exemplo, para ler DVDs em GNU/Linux) podes não poder
> fazê-lo
> >> (legalmente). O mesmo acontece com qualquer código publicado, seja a
> patente
> >> necessária antes ou depois da publicação (pode ser desconhecida durante
> o
> >> desenvolvimento - é algo normal).
> >>
> >> Cumprimentos,
> >> João Miguel Neves
> >>
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