[Ubuntu-BR] Como proteger um PDF contra CTRL+C+V, não tem solução ?

luciano de souza luchyanus em gmail.com
Quarta Julho 27 14:04:08 UTC 2011


Sou cego, usuário de leitores de tela, então, conheço bem a dicotomia
permanente entre a proteção e o acesso a documentos.

De um lado, há a necessidade de que autores sejam remunerados por seu
trabalho ou, ao menos, tenham o seu trabalho protegido contra o plágio
ou desvirtuamento.

De outro, há gente que legitimamente digitaliza livros e os distribui
na rede. O legislador brasileiro foi sensível. Sabe que cegos não
encontram quase nenhum conteúdo vertido para o Braille. Por outro
lado, não se encontra qualquer livro em formato digital e, mesmo os
existentes, por vezes, encontram-se tão protegidos que os leitores de
telas não podem interpretar o seu conteúdo. Por fim, é sabido que o
poder público não investe o suficiente na educação especial e que a
leitura é o instrumento maior por meio do qual cegos podem ascender em
suas vidas.

O que fez o legislador? Colocou na lei um dispositivo fundamental para
a educação e a cultura dos cegos: não constitui lesão aos direitos de
autor a reprodução e distribuição de livros em formato digital para o
fim de propiciar o acesso à informação a pessoas que, de outro modo,
estariam excluídas. Há alguma controvérsia quanto ao modo de
operacionalizar tal dispositivo. Se a lei faz tal exceção apenas para
o benefício de cegos, então, o modo de reprodução e distribuição deve
ser tal que exclua gente que não possui tal característica, do
contrário, no esforço de assegurar um direito, o do acesso à
informação, aos autores seria negado outro, o da proteção à sua
criação.

Antigamente, a coisa era mais simples. Os responsáveis pelas decisões,
observavam ao seu redor, não viam cegos a ocupar este ou aquele posto
e, logo, concluíam: “fica claro que tal coisa não será utilizada por
cegos. Não há nenhum por aqui. Não há mesmo meios para que exerçam tal
ocupação...” Esta opinião era a tanto causa quanto efeito. Hoje, com a
significativa ampliação dos recursos informáticos, este tipo de
premissa é frágil e, a bem dizer, um bocado dissonante com as
políticas de inclusão que, pouco a pouco, vão propagando-se pela rede.

Mas o que fazer? Será que os autores são indivíduos empedernidos cujo
único propósito é sabotar o crescimento intelectual dos cegos? É claro
que não. De um lado, pouco conhecem o problema. De outro, permanecem
com a necessidade de proteger a sua criação.

A questão ainda não está resolvida. No windows, há o Adobe. No Linux,
não conheço nenhum leitor de PDFs acessível. Então, não posso ler
conteúdos confinados em PDFS se não os converter para outro formato. E
o que sucede se estão protegidos? Ligo o rádio e, tal qual o poema de
Bandeira, ouço um tango argentino.



Em 27/07/11, Leandro Marino<leandromarino em leandromarino.com.br> escreveu:
> *Humberto,
>
> não vejo esta solulção plausível no caso do Hamacker. Tenho convido um pouco
> mais com pessoas com deficiência visual e com isto vejo a dificuldade para
> acesso a algumas informações.
>
> No caso de gerar um pdf protegido pelo proprio acrobat você pode marcar uma
> opção que permite a leitura do arquivos para ledores de tela. No seu caso,
> você estaria excluindo este público. Não sei se poderia se fazer isto com o
> problema do Hamacker visto que existem deficientes que podem consultar estes
> arquivos, acredito.
>
> De qualquer forma a unica solução seria uma conversão em imagem, o que ainda
> não impediria OCRs e a simples digitação do texto.
>
> Um abraço,
> *Atenciosamente,
> Leandro Marino
> http://www.leandromarino.com.br (Fotógrafo)
> http://est.leandromarino.com.br/Blog (Estatístico)
> Cel.: + 55 21 9845-7707
> Cel.: + 55 21 8777-7907
>
>
>
> Em 27 de julho de 2011 10:11, Humberto Fraga <xisberto em gmail.com> escreveu:
>
>> Em 27 de julho de 2011 09:59, hamacker <sirhamacker em gmail.com> escreveu:
>> > Cada vez mais, percebo que PDF não é o melhor mecanismo para proteger
>> > documentos contra CTRL+C/CTRL+V.
>> > Bom, se alguém tiver alguma solução por gentileza compartilhe comigo,
>> > mas
>> > minha conclusão é de que PDF não é mais um formato para proteção de
>> > documentos.
>>
>> O PDF não é um só formato, são vários formatos. Uma parte desses
>> formatos é um padrão ISO (http://en.wikipedia.org/wiki/PDF/A) dedicado
>> a arquivamento por longo prazo (você guarda o arquivo e daqui a 30
>> anos consegue abrir ele, uma vez que é um padrão aberto).
>>
>> Algumas extensões do PDF, principalmente as que dificultam a leitura,
>> são formatos proprietários da Adobe, possivelmente coberto por
>> patentes nos EUA. Então os leitores livres não implementam por dois
>> motivos: para se manter no padrão ISO e para não violar as patentes da
>> Adobe.
>>
>> Publicar um documento de forma que algum trecho dele não seja copiado?
>> Ao meu ver, só não publicando. Talvez publicando como JPG ou PNG. Aqui
>> onde trabalho, as normas geralmente são assim: existe o arquivo ODT
>> que é impresso para o responsável assinar, depois escaneado com a
>> assinatura. Aí ele se torna um PDF cujas páginas cada uma contém um
>> JPG. Talvez haja um processo que faça isso sem passar pela impressão
>> do documento.
>>
>> --
>> Humberto Fraga
>> http://lixaonerd.wordpress.com
>>
>> "Sur la tuta tero estis unu lingvo kaj unu parlomaniero." - Gn 11,1
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>>
>> Lista de discussão Ubuntu Brasil
>> Histórico, descadastramento e outras opções:
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Luciano de Souza




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