[Ubuntu-BR] Adeus e Obrigado

[Jose Geraldo Gouvea]

Em Dom, 2010-03-07 às 10:16 -0300, Fernando Brito escreveu:
> Não sei o porquê, mas acho que você ainda vai voltar. Hehehehe!
> 
> Um abraço.

Bem, acredito que não. 

Foi uma via-crúcis instalar o Foresight Linux, que tem, fora de dúvida,
o PIOR instalador que eu jamais vi em uma distribuição Linux. Tão ruim
que ele trava (com exception error) DURANTE A INSTALAÇÃO se você clicar
inadvertidamente em "avançar" ANTES que a tarefa atual esteja concluída.
Tão ruim que não conseguiu instalar nenhum bootloader e eu tive que
entrar em modo de recuperação e instalar MANUALMENTE o grub. Tão ruim
que ele me configurou errado o Xorg e eu tive que passar horas fuçando
no xorg.conf até conseguir uma configuração que prestasse minimamente (e
ainda não estou satisfeito, pois estou usando fbdev em vez do driver
unichrome).

Depois de conseguir botar o sistema para rodar, iniciei o procedimento
de atualização (o disco de instalação que usei é de maio de 2009, por
isso há muita coisa a atualizar). Esta parte foi outra via-crúcis
porque, só depois de ter instalado, que eu descobri, oculta na
documentação do Conary, a informação segundo a qual "na primeira
atualização o conary calcula as dependências e o controle de versão dos
arquivos" e que por isso, teria que baixar e instalar completos todos os
pacotes. Ou seja, a primeira atualização demorou tanto quanto demoraria
uma atualização do Debian ou do Ubuntu. Nisso o Foresight está atrasado
em relação ao SuSE e outras distros que usam "deltarpm" porque nelas a
parte de cálculo e controle já está embutida no rpm e a primeira
atualização já se beneficia de baixar apenas as diferenças.

Tive que baixar, no total, mais de 1GB (!!!!!!!!!!!!) para conseguir
botar o sistema em dia. Mas agora, ESPERO, as próximas atualizações vão
baixar apenas diffs.

O Foresight é uma distribuição do tipo "rolling-release". Isso quer
dizer que não há versões. Você instala e quando dá o comando "sudo
conary updateall" ele puxa todos os pacotes para a versão mais recente
dos repositórios. Não há repositórios diferentes para Intrepid, Jaunty,
Karmic, Lucid, etc. Não sei como eles vão conseguir manter isso ao longo
dos anos, mas a promessa é interessante.

O sistema de gerenciamento de pacotes não me agradou ainda. A interface
gráfica é confusa, não por ser difícil de usar, mas porque não te
fornece suficiente informação sobre o que está acontecendo. Há momentos
em que você simplesmente não sabe se o programa está rodando ou travou,
especialmente em atualizações maiores.

A interface por linha de comando é mais robusta e muito mais
informativa, elegante até, mas possui dois defeitos. O primeiro é que
toda vez que você a invoca ela baixa mais de 12 MB de arquivos da
internet (nada tão grave, o equivalente ao Synaptic atualizar a base de
dados toda vez que é iniciado). O segundo é que durante o processo de
instalação dos arquivos você nunca sabe se tudo realmente deu certo até
que todos os arquivos tenham sido instalados. Você vai ver por exemplo
uma mensagem dizendo que o "easytag" foi instalado, mas ao tentar usar o
programa ele inicia porque suas dependências ainda estão sendo
instaladas. A razão disso é que o conary instala os pacotes pedidos EM
ORDEM ALFABÉTICA e não pela ordem das dependências. 

Ao que parece, para beneficiar-se futuramente das atualizações rápidas,
você tem que deixar o conary ir até o fim. Se ele for interrompido antes
ele não salvará na base de dados e da próxima vez que for atualizar ele
baixará o programa inteiro outra vez. Isso quer dizer que há uma
penalidade muito alta para interrupções no funcionamento do conary.

Não há, também, uma interface para pesquisar os programas disponíveis
(tipo o Synaptic ou o Adicionar/Remover Programas). O PackageKit tem uma
caixinha de busca, mas ela não lista os programas disponíveis, apenas os
que você manda procurar. Tampouco ela apresenta descrições dos
programas.

A quantidade de pacotes disponíveis parece ser, no máximo, um terço da
disponível no Ubuntu. Eu desconfio que pode ser ainda menos. Porém,
significativamente, nenhum programa realmente importante está de fora. A
documentação do conary diz que é relativamente fácil importar um código
fonte e compilar como pacote. Imagino que se fosse tão fácil haveria
mais pacotes no repositório.

O Pidgin ainda não funcionou aqui para o protocolo Jabber.

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Mas tendo falado tudo de ruim que a distribuição tem, vamos aos fatos
bons.

O sistema, como um todo, é levíssimo. Muito mais que o Ubuntu, mesmo
rodando o último Gnome. 

Existe a possibilidade de instalar os pacotes com dependências
incompletas sem o sistema reclamar. Por exemplo, instalei o LyX sem ter
que instalar o texlive (que eu uso a partir de uma instalação do TUG).

Os aplicativos QT, não sei como, têm exatamente a mesma cara dos
aplicativos GTK, sem tirar nem pôr, até nos ícones.

Não há pacotes quebrados. Se o conary for interrompido, ao rodar outra
vez ele automaticamente desfaz tudo que fez depois da última
oportunidade em que rodou até o fim.

Os temas padrão, baseados em verde, cáqui e bege, são muito mais bonitos
que os do Ubuntu.

O sistema ainda não travou uma vez sequer comigo, nem mesmo quando
estava todo bugado após a instalação. O único programa que me fez raiva
foi o epiphany (que aliás eu não gosto mesmo, mas era o único navegador
após a instalação).

A atualização do firefox do 3.0 para o 3.5 foi sem sustos, não tive que
ficar com um "firefox" e um "shiretosko" no meu menu de programas.
Infelizmente tive que remover todos os profiles anteriores pois o
firefox 3.0 era de uma versão mais antiga e o 3.5 é de uma versão mais
nova que o do Ubuntu. Os profiles estão guardados para o caso de um dia
eu descobrir como recuperar dados deles, mas desconfio que vou
simplesmente apagar.

Há também um conflito de certificado SSL com o Google (que suponho estar
relacionado ao não funcionamento do Pidgin) mas não estou com pressa de
resolver isso.

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No geral, não estou arrependido. Foi um parto instalar este sistema, mas
ele está bem bonito e redondinho. Os problemas que ainda existem são
problemas que poderei facimente resover nos próximos dias.

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P.S. - Eu nunca saio trancando a porta atrás de mim, amigos... rsrs 
Mas também nunca saio pensando em voltar.