[Ubuntu-BR] [Off Topic] Banda larga via rede elétrica

Andre Cavalcante andre.d.cavalcante em gmail.com
Segunda Agosto 31 14:44:48 UTC 2009


2009/8/31 Salles <salles.web em gmail.com>:
> Um rápido comentário...
>
> Banda larga via rede elétrica pareceu ser, de início, uma plataforma que
> permitiria uma verdadeira integração digital no país... mas não é bem
> assim.
> Além dos problemas ainda enfrentados com interferências, o que vai
> praticamente obrigar os usuários a adequar eletrodomésticos e luminárias
> eletrônicas, a intenção da distribuição da banda deverá ser "embutida"
> em um pacote de TV ou acessórios, ou seja, o que seria um custo mínimo
> para os consumidores, passará a ser uma assinatura não tão "barata".
> O que poderia privilegiar áreas geográficas de baixa renda na verdade
> não o fará... salvo a consciência dos investidores na tecnologia
> "abrirem a mão" e ceder sòmente a banda e não um pacote obrigatório.
>
> Bem, vamos ver como fica essa história.

O pessoal da UFTPR - Universidade Federal Tecnológica do Paraná tem um
projeto de banda larga via PLC nas regiões mais carentes de Curitiba,
desde 2006 E até quando pude acompanhar, em fins de 2007, a coisa
estava andando. A grande dificuldade era com a Anatel que ainda não
tinha legalizado o anel secundário, isto é, a distribuição de sinal na
baixa tensão do transformador e, dependendo de como viria a
especificação da Anatel teriam que utilizar um equipamento ou outro.
Não sei em que pé está agora em 2009.

Equipamentos para usuários domésticos (montagen de LANs) já são
clássicas - existem desde os anos 2000. O problema era o preço (toda a
tecnologia é proprietária), coisa que agora já não é tão grave.

Sobre interferência, ainda há, é claro, mas já é compatível com os
níveis de interferência de sinais OFDM em outros sistemas cabeados ou
não. Em geral os níveis de interferência para o sem fio são bem
maiores que os sistemas com fio, mesmo PLC. Conheço um grupo de
pesquisadores na COPPE/UFRJ (ver o LPS) que trabalhou com isso também
na mesma época (até fins de 2007). Quando falamos em interferência em
sinais de PLC devemos ter em mente que se trata somente de sinais de
chaveamento rápido (impulsos na linha), pois os equipamentos de PLC
operam na faixa de GHz, enquanto qualquer outro eletrodoméstico opera,
quando em AC na casa dos Hz ou dezenas deles apenas: ou seja, um
simples filtro passa altas resolve.

Aqui no Rio Grande do Sul, usamos PLC para controle de
eletrodomésticos. Em especial alguns modelos de fogões e geladeiras da
Whirlpool (braço comercial da brastemp e consul) já devem começar a
sair com essa tecnologia em breve (2010 ou 2011). Recentemente (em
2008) o nosso laboratório ganhou um concurso da dita empresa para
automatizar alguns eletrodomésticos.

Só uma coisa me deixa meio triste na história do PLC é que aqui não há
NADA livre. E esse é o problema. Até os protocolos mais simples são
proprietários. Ao contrário da Ethernet que se abriu para o mundo e se
tornou padrão em poucos anos, vemos que as tecnologias de PLC só a
muito custo estão se firmando. O outro lado da moeda é que as empresas
distribuidoras, é claro, querem ganhar com a história também.

Ah, e quanto a questão da assinatura, não tem jeito: alguém tem que
pegar o sinal que entra/sai das residências e chaveá-lo para a
internet em algum ponto. E esse serviço será pago, claro. Até agora,
os governos, interessados em inclusão digital, pagavam a conta. Mas
para o público em geral (leia-se classe média), vai ter que
desembolsar algo equivalente a uma conexão cabeada (NET Virtua p.ex.,
R$60,00 por mês)

PS.: ainda sou da opinião que PLC serve sim, e muito, para o Brasil,
em especial para o interior. Se pegarmos a realidade do Centro-Sul do
Brasil, repleto de regiões metropolitanas, fica claro que não há
grande vantagem, pois boa parte dessas regiões já tem cabo de cobre
nas residências (via Cable Modem)  e fibra nas interligações em ATM.
Mas no interior (e que ainda é a maioria no Brasil) nem há interesse
das empresas e realizar este cabeamento - resultado, sobram somente
como alternativas o sem fio (e.g. WiMax) ou via PLC- pois os cabos já
estão lá. Como a penetração de TV no Brasil é grande, soluções de TVD
aberta com retorno em WiMax ainda aparecem como solução. Se não fosse
isso, somente PLC mesmo.

PS2: O assunto é bem OT mesmo.

-- 
André Cavalcante
Porto Alegre, RS.
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