[Ubuntu-BR] Vamos rir (Marketing Microsoft)
José Geraldo Gouvêa
jggouvea em gmail.com
Sexta Abril 27 23:44:28 UTC 2007
Tenho às vezes postado aqui algumas mensagens meio off-topic sobre
discussões que ocorrem nos fóruns do curso de MBA que estou fazendo.
Essas mensagens, creio eu, ajudam os membros da lista a ter uma dimensão
do que pensa o público médio, não-iniciado a respeito do mercado de
software. Mais especificamente, o tipo de público de que estamos falando
é um público formador de opinião: são pessoas de classe média, com curso
superior completo e que trabalham em cargos gerenciais no Banco do Brasil.
Acredito que estas mensagens sejam úteis, mas se os membros da
comunidade não concordarem, posso deixar de postá-las.
A de hoje é sobre uma colega que indagou à monitora da turma se não
haveria um erro na apostila referente a estratégias de mercado. A
apostila mencionava entre as estratégias adotadas pelas empresas para
incentivar a compra, especialmente em momentos de crise, a adoção de
"punições". A minha colega não entendeu e não acreditou:
~Vânia e/ou colegas,
Na vídeo aula apresentada pelo Prof Marcos Antonio Machado, há um ponto
que não entendi, se possível me esclareçam:
Ele diz:
- Empresas procuram incentivar consumo nos momentos de baixa demanda(
incentivos e punições) ...
O quê ele quis dizer com "Punições", como uma empresa pode incentivar um
consumo com punições???!!!
Aí eu aproveitei e dei esse exemplo:
Simples: se você oferece um desconto para a substituição de um produto
por sua versão mais nova, você está oferecendo um incentivo. Porém se
você enfatizar que este incentivo é temporário e que o preço deverá
subir bastante nos próximos meses, você está ameaçando o cliente. Pior
ainda se você disser que não será mais possível obter o novo produto
dentro de alguns meses se você não o comprar agora. Você duvida que isso
aconteça? Então veja:
Quando você adquire um produto da Microsoft você não o compra, apenas
recebe o direito de usá-lo até que sua garantia expire (leia o contrato
de licença e confirme). Quando a Microsoft lança uma versão nova do
produto, ela oferece a oportunidade de upgrade por um preço equivalente
a 1/3 ou menos do preço que ela projeta para o produto quando ele
estiver "maduro" no mercado. Assim, os seus clientes são incentivados a
migrar logo (o que geralmente envolve ter de comprar um computador novo,
pois cada novo produto demanda muito mais potência de hardware). Os
clientes que não migram imediatamente começam a ver o preço da migração
subindo e sentem a pressão para migrar. Os que eventualmente permaneçam
sem migrar até o fim da validade da licença que adquiriram perdem o
direito de migrar com desconto e passam a ter que comprar o produto pelo
preço cheio. Ora, considerando que a Microsoft possui dezenas de tipos
de convênios de upgrade e de convênios com fabricantes, etc.
praticamente ninguém compra pelo preço cheio. A única função desse preço
cheio é servir como punição para quem não migra quando a Microsoft
sinaliza ou adquire computadores de fornecedores que não sejam ligados à
Microsoft. Mas ainda há outra punição: depois que o produto chega ao fim
da licença a Microsoft não mais oferece suporte e, tecnicamente, passa a
considerar o uso do produto por você como indevido (outra punição).
A punição, é claro, só é possível em mercados cartelizados,
oligopolizados ou monopolizados. E essa prática que acabei de descrever
é mais uma evidência de que temos um monopólio no mercado de softwares.
José Geraldo
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