[Ubuntu-BR] Flame War proposital, leia se quiser (ERA: Foco no Nautilus quando em quickstart do openoffice)
Paulino Michelazzo
listas em michelazzo.com.br
Domingo Setembro 24 23:49:52 UTC 2006
Em 24/09/06, Thadeu Penna <tjpp em if.uff.br> escreveu:
>
> Alguns comentários espalhados
Muito bons por sinal.
Formadores de opinião: pois é, tenho batido nesta tecla há anos. Eu
> ainda aposto que a saída está nas Universidades. Veja o número de
> universidades particulares com convênios com a Microsoft. É lá que é
> feito o arrebanhamento de pessoas. Eu fiz um pós-doutorado no exterior
> (Boston) e fiquei surpreso quando a Boston University recusou a proposta
> da Microsoft de doação de várias licenças e máquinas se o Windows fosse
> o sistema operacional oficial ;) Duvido que convertendo adolescentes e
> micro-empresários viraremos o jogo. Tenho um ex-aluno que é gerente de
> projetos em uma grande empresa nacional que usa Linux em todos os
> serviços cruciais e Windows para acessá-los. Não contribui em nada para
> a dominação. Se o empresário é formado usando Linux, vai colocar na
> empresa e obrigar os funcionários a se adaptarem. Aí, talvez, os caras
> usem Linux em casa...
Concordo com seus comentários mas tenho uma visão bipolar sobre isso.
As faculdades são, mesmo muitas não querendo ser, formadoras da massa
pensante de nosso país (creio que por isso anda tão ruim nossa terra). Mas
existe um porém em números: o ensino universitário hoje é da ordem de menos
5% da população, ou seja, algo em torno de 9 milhões de brasileiros, [1]
sendo que estes números podem ser, em minha opinião formada pelas andanças
por nosso país, referentes as regiões sul e sudeste. Desta forma, se usarmos
somente esta "tática" para a disseminação do conhecimento livre, atingiremos
menos que o número de usuários de Internet de nosso país (algo em torno hoje
de 8 milhões).
Entretanto, existem hoje cerca de 27 milhões de jovens nas escolas entre
ensino fundamental e médio as quais prefazem aproximadamente 15% dos
brasileiros. Nesta fase, principalmente dentro do ensino médio, muito dos
conhecimentos básicos são aprendidos e com uma facilidade maior que no
ensino superior.
Então meu pensamento é o seguinte: é necessário ter duas frentes de
trabalho, sendo uma voltada ao estudante do ensino superior baseado
principalmente no desenvolvimento e utilização avançada do sistema e outra
voltada ao estudante do ensino médio onde este se ambientaliza por diversos
meios dentro do sistema. Com isso temos dois impactos distintos: 1) criamos
uma massa crítica que vai, após 3 anos estar na faculdade já sabendo o que
é, como funciona e para que serve e 2) o usuário avançado que irá dentro de
seu local de trabalho e/ou residência, escolher o que realmente é melhor.
Claro que a situação é utópica principalmente vendo os descalabros na mídia
periódica mas, não custa sonhar não é mesmo? :)
Quanto aos empresários, concordo contigo e, tanto é verdade, que os deixei
de lado há algum tempo (vamos dizer que mudei o discurso). O interesse é
única e exclusivamente a redução de custos. Mas como vivemos em uma
sociedade capitalista, isso é aceito de bom grado (não que seja correto,
mas...)
Outro ponto: a Microsoft não tem interesse que inibam o uso pirata do
> Windows em Universidades, já notaram ? Sérgio Amadeu tem uma excelente
> analogia sobre este procedimento.
Mas é claro que não. Para que faria isso?
Seria a mesma coisa que dizer que os EUM (Estados Unidos de Merda) querem
combater as guerras no planeta. E ai? Para quem a maior indústria de armas
do mundo vai vender? Para sardinhas?
A pirataria para a Microsoft é o marketing mais barato que ela pode ter. Com
a "distribuição" gratuita de seus softwares, ela consegue que, cada vez
mais, usuários sejam adeptos de seus produtos. Esta tática inclusive é usada
pelo Ubuntu de uma forma similar quanto a distribuição de CD's e se mostra
tão funcional que em menos de dois anos a distro saiu do nada para ser a
mais falada em todo o mundo (se é a melhor, cabe a cada um dizer).
Ubuntu é "não consigo instalar o Debian"em swalli.
:) Adorei!
Em tupi-guarani é
> Kurumin. Instalar o Debian-BR-CDD é mamão com açúcar. Não nego que a
> facilidade de detecção de hardware é importantíssima: tanto que o
> Debian só se popularizou depois do Knoppix.
Pois é. Mas aqui temos dois públicos: os pró-nerds e os pró-lesmas (estou no
segundo).
Quem vamos atingir? Se for ambos, soluções como Kurumin, Debian-CDD e Ubuntu
são melhores.
Quanto ao fato de ter mulher feia, se ela puder te aguentar os três dias
> que você precisa para configurar tudo, você terá um relacionamento tão
> estável quanto o Sarge.
Há controvérsias :)
Conheço amigos debinianos que a mulher, depois de vários novelos de lã
chegou para o dito e disse: "ou tu muda de vida ou eu mudo da sua vida".
Ninguém aguenta. A menos que seja da área ou acéfala. Amor tem limite ;)
Tão ruim quanto o pessoal do Debian sair dizendo "F**k Ubuntu" é o
> pessoal do Ubuntu achar que existiria sem o Debian (citando o Mark).
Olha, isso eu não sabia!!! Ele falou foi? Hmmm, "diz-me com quem andas que
te direi quem és"
Como você resolveria isto se tivesse Windows ? Onde procuraria ? Que
> dominação. Eu tenho um scanner de mão velho que não funciona mais nem no
> Windows 98. A fabricante da minha placa de TV (Xtreme Highway) foi a
> falência. Não roda no XP e f***-se. Não acho que seja por aí.
Bem, eu tenho Windows e sofro dos mesmos males.
Eu vejo de uma forma pragmática o assunto. fazendo uma analogia, é como eu
ter um Maverick 8 cilindros 78 e querer encontrar peça para o mesmo na
oficina da chevrolet de João Pessoa. Não existe como fazer absolutamente
nada neste sentido. Eu tenho aqui duas impressoras jato de tinta deixadas no
canto pois uso um notebook que não possui entrada paralela. O que fazer?
Comprar um adaptador que custa 80% de uma impressora nova ou comprar uma
nova?
Infelizmente é assim que funciona não só na informática, mas em todo o
sistema capitalista. Para mudar isso, precisamos arrumar um outro.
Onde o Windows dominou é onde o VHS venceu o Betamax, IBM PC bateu o
> Apple e dizem que é a razão para o teclado Qwerty, o relógio gira no
> sentido horário: em algum momento do passado tiveram a chance de
> dominar. A partir daí, nem precisa ser o melhor para continuar dominando
> e aumentar a dominação. Para reverter o quadro: ou colocamos algo de
> extremamente novo ou começamos pelas beiradas, pegando o pessoal
> formador de opinião.
Sim, são as duas formas. Qual vai ser?
Na minha opinião as duas são complicadíssimas pois:
1) Somos avesso ao novo (insíntreco do ser humano)
2) A beirada somos nós e nós não representamos nada
A informação já existe. Precisa, sim, de melhor apresentação e
> centralização e popularização (por . Só que em épocas de Google, Blogs,
> etc. é muito difícil centralizar. Eu quando procuro informações, acabo
> quase sempre no Wiki do Gentoo, mas não é para leigos.
Não conheço o Gentoo em sua área de documentação mas existe alguma coisa
"para dummies"?
Um ponto importante que você não chamou atenção ainda é a extrema
> dependência do Linux com a Internet banda-larga. O esquema de venda de
> jogos por camelô funciona muito bem para a grande maioria da população.
> Alguém já atualizou o OpenOffice por linha discada? Tenho certeza que
> com a popularização da Internet, o caminho vai ficar mais fácil. Na UFF,
> vários alunos me pedem os 14 CDs do Sarge porque não tem banda larga e
> precisam instalar o gcc.
Pois é... pois é.
E sabe o que me irrita? É eu ter que ficar com a bosta do Evolution
instalado dentro da máquina sendo que eu não uso. Só que devido a
"dependência" ele fica lá comendo espaço.
Eu estou tentando de todas as formas possíveis arrumar um sistema light onde
eu tenha somente o que quero e preciso mas está difícil. Tanto Windows
quanto Linux enfiam coisas dentro do sistema que somente deus e os nerds
sabem por que estão lá, mas não porque precisam daquilo. Por excesso de
zelo, complicam a vida do usuário.
A pergunta principal eu deixo para o final. Por que queremos que o Linux
> domine ? É só algo como torcida de time de futebol ? Eu realmente não
> acho vantajoso trocar um monopólio por outro. Nem do Ubuntu e nem do
> Linux. Nem do MacOS. Eu trabalho com a Teoria da Evolução e sei que a
> diversidade é o importante.
Bingo!
Nestas horas que me arrependo de não ter concluido o ensino superior. Olha
que maravilha de pensamento!
Eu sou o admin/sysop/chefe/doutor ou o que quiser usar do Mambo no Brasil.
Ele é um CMS muito, muito bom e que ano passado teve um fork em sua base por
causa de egos. Muita gente me pergunta: "mas porquê você não trabalha com
Joomla?" e eu respondo: "para quê?" Fatalmente a resposta é: "porque ele tem
mais gente usando".
Neste momento eu dou uma risadinha e penso: é verdade mesmo. Mas e daí?
Imagine se todo mundo gostasse do verde? O mundo seria um enorme Palestra
Itália :)
Abraços e obrigado pela tread. Muito boa.
PS: Coloquei no ar a versão com narração do tutorial de ontem. Quem quiser
ver está aqui [2]. Somente me desculpem pela narração. Infelizmente não sou
um Jorge Ramos e tampouco um Cid Moreira ;)
[1] - http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/07/325216.shtml
[2] -
http://www.noritmodomambo.org/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=32&Itemid=17
--
Paulino Michelazzo
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